domingo, maio 16, 2010


Resistência, força ou teimosia???
por Maria Silvia Orlovas -


Por que temos que ser fortes? Por que aprendemos que não podemos chorar? Por que temos que resistir bravamente às coisas que nos acontecem? Por que guardar nossos sentimentos? E por que nos sentimos envergonhados em reconhecer nossos erros, ou até mesmo ao pedir desculpas?

Concordo que precisamos ser fortes. Ter opinião formada a respeito do nosso caminho de vida e de nossos valores, mas nem sempre devemos opor resistência às coisas que nos acontecem e às atitudes das pessoas. Simplesmente porque não podemos resistir às coisas que não dependem de nossa vontade. Muitas vezes situações acontecem sem que tenhamos o menor controle. Outras vezes ainda são as pessoas que tomam atitudes que são contra a nossa vontade, mas que se opusermos resistência fica ainda pior. Mas, por orgulho, ou porque achamos que temos razão e o outro não, resistimos, queremos ter a última palavra e fazer valer a nossa opinião...

Aprendi que muitas situações se resolvem por si mesmas. Aprendi também que por mais que tentemos educar, corrigir, coibir ações dos outros, não mudamos as pessoas. Cada um tem um tempo, um aprendizado e um caminho na vida. Às vezes esses caminhos e essas pessoas cruzam conosco e enquanto precisamos por alguma Lei Maior permanecer juntos, assim ficamos; mas em outros casos é necessário um afastamento para o crescimento de ambos. E aí adianta resistir?

Tentar reatar um relacionamento? Perdoar novamente erros que se repetem num caminho sem fim tentando sempre mudar o outro? Ou será que uma atitude assim não seria apenas teimosia de nossa parte?

Os Mestres ensinam que precisamos aprender a perder para ganhar. A lei da não-resistência, maravilhosamente empreendida por Mahatma Gandhi, exaltava essa incrível capacidade humana de não resistir ao mal. Porque a resistência gera um novo mal, um desejo de vingança, um impulso de corrigir o outro que nunca acaba. Nosso ego quer sempre ter a última palavra e quase sempre odiamos ser repreendidos mesmo quando sabemos que não temos razão.
Dificilmente, alguém aceita uma crítica, mesmo no trabalho. Em muitos momentos somos tão infantis que levamos tudo para o lado pessoal e transformamos num drama situações que poderiam ser facilmente superadas.

Mahatma Gandhi sabia que se resistisse seria uma luta sem fim que acarretaria a morte de milhares de inocentes. E assim ele venceu o império inglês e libertou a Índia. Exemplos como o dele não devem ser esquecidos porque podemos fazer o mesmo em nossa vida. Podemos tentar aceitar que o mundo das pessoas à nossa volta pode ser diferente do nosso, mesmo sendo criados numa mesma família ou compartilhando o mesmo teto num casamento. Cada um continua tendo a sua individualidade e quando o espírito ainda se encontra pouco desperto o ego grita e afasta as pessoas.

Assim, amigo leitor, sugiro que para ter uma vida mais feliz pense na aceitação, no poder da não-resistência. Pense que esse é um grande aprendizado que deve ser colocado em prática por todos aqueles que têm uma compreensão espiritual mais profunda e que entendem que precisamos vencer as aparências e deixar a vida fluir.


Por Xico Sá . 14.05.10 - 18h40

Chá-de-sumiço

“Toda mulher, após trinta dias de felicidade sente fome e sede de desgraça. Só não irá embora se não tiver condução.” (Antônio Maria)

A frase aí acima, de autoria do meu cronista predileto, não cai aqui de pára-quedas ou epígrafe gratuita de citador profissa. Ela explica muita coisa. Repare:

Nas metrópoles gigantescas como SP, BH, Rio, Salvador, Porto Alegre, Recife, Fortaleza e outros tantos formigueiros, haja encontros e desencontros. Alguns não tão graves, acontecem; outros, infinitamente dolorosos, nos perturbam os sentidos, fazem a gente maldizer os céus, os astros, o destino, a camada de ozônio.

Fica tudo na base do “a gente se vê”… E adeus! Não que fosse acontecer um casamento ou algo do gênero a partir daquele esbarrão gostoso – nada disso, mas foram momentos bonitos, fortes, que se acabam ali mesmo, na poeira da estrada, numa tarde fria, em um café da manhã, numa simples despedida.

“A gente se vê.” Pronto, eis a senha para o terror, o “never more”, o nunca mais do corvo do Edgar A. Poe no pé do ouvido.

A gente se vê. Corta para uma multidão no viaduto do Chá, São Paulo.

A gente se vê. Corta para uma saída de estádio, um Mineirão, um Castelão, um mundão do Arruda lotado em dia de decisão do campeonato.

A gente se vê. Corta para “Onde Está Wally”.

Nada mais detestável de ouvir do que essa maldita frase. Logo depois, a porta bate e nem por milagre se abrirá para a dita figura novamente.

Jovens mancebos, evitem essa sentença mais sem graça. Raparigas em flor, esqueçam, esqueçam…

Melhor dizer logo que vai comprar cigarro, o velho king size com filtro do abandono. Melhor dizer que vai pra nunca mais. Melhor o silêncio, o telefone na caixa postal, o telefone desligado, o desprezo propriamente dito, o desprezo on the rocks.

A gente se vê uma ova. Seja homem, seja mulher de verdade, troque de palavras, use o código do bom-tom e da decência. A gente se vê é a mãe, a vovozinha, ora, ora.

Como canta o Rei Roberto, use a inteligência uma vez só, quantos idiotas vivem só…

Esse “a gente se vê” deveria ser proibido por lei. Constar nos artigos constitucionais, ser crime inafiançável no Código Penal.

A gente se vê é pior do que “a gente se esbarra por ai”. Pior do que deixar ao acaso, que jamais abolirá a saudade, que vira uma questão de azar e sorte.

Melhor dizer logo de uma vez: “Foi bom, meu bem, mas não te quero mais”. YO NO TE QUIERO MÁS, como na camiseta mexicana que ganhei da Rita Wainer, uma ex que me aturou lindamente. Dizer foi bom meu bem e pronto, ficamos por aqui, assim é a vida, sempre mais para curta do que longa-metragem.

A gente se vê é a bobeira-mor dos tempos do amor líquido e do sexo sem compromisso. A gente se vê, tô fora.

Seja homem, seja mulher, diga na lata.

Não engane a moça, que a moça é fino trato, que não merece desdém ou o quém quém do pato da Bossa Nova.

A fila anda, jogue limpo, sem essa de beque da roça para cima do futebol-arte da jovem.

A gente se vê. Corta para uma multidão no Morumbi, em busca do tetra da Libertadores.

A gente se vê. Corta para clássico no Maracanã.

A gente se vê. Corta para a São João com a Ipiranga.

A gente se vê. Corta para um engarrafamento gigante na marginal do Tietê.

A gente se vê. Corta para a Praça Castro, Alves no encontro de trios elétricos.

A gente se vê. Corta para o carnaval do Galo da Madrugada.

A gente se vê. Então aproveita e vai ver se eu estou na esquina!

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adorei (nota da blogueira)