domingo, março 05, 2006

CAP 1
Eu nasci!
A unica coisa que eu sei do dia, ou melhor da noite em que eu nasci é que era feriado na minha cidade natal. Não sei se posso afirmar que isso é ter muita sorte ou muita falta dela. Além do mais, por ter nascido em época de férias a última coisa que as pessoas costumam lembrar é do seu aniversário.
Aniversários para mim sempre foram datas importantes. Eu achava que devíamos realmente estar mais do que nunca, nesta data, perto de todas as pessoas ou pelo menos a maior parte delas que fossem realmente importantes para nós. Pessoas que fizessem a diferença em nossas vidas, mesmo que a sua passagem fosse tão rápida quanto uma estrela cadente. O que importa não é o tempo que permanecemos com uma pessoa mas sim a intensidade do que vivemos e como convivemos com ela. E eu sempre gostei de estar rodeada de pessoas a minha volta. Estar perto, compartilhar, rir, chorar, enfim viver nesta intensa troca era gratificante demais.
Bem... mas, como todas as pessoas, salvo aquelas que já partiparam de uma sessão de regressão, eu não me lembro de nada que aconteceu no dia, ou melhor na noite de meu nascimento. O que eu sei é o que está comprovado na certidão de nascimento, mas seria confiável? Afinal eu não estava "consciente" para avalizar.
É estranho a gente querer se lembrar de fatos que viveu, que presenciou mas que não consegue porque não tinha a minima noção do que estava acontecendo. Nestes casos a nossa memória é sensorial. São de coisas e fatos que vimos e que sentimos mas que não podíamos descrever porque além de não termos conhecimento, não sabíamos falar e nem escrever. Mas, mais interessante de tudo é que mesmo assim existem lembranças que carregamos em nossas mentes e em nossos corações a vida inteira, inclusive daquelas que tivemos ainda quando eramos um pequeno feto dentro de um liquido chamado ameniótico.
Eu nasci de noite. Nasci quase na virada do dia dois de fevereiro, as 23:10, pelo que consta nos "autos".Deve ser por este motivo que sou uma notivaga inveterada. Adoro a noite e odeio a claridade, apesar disso não vão pensar que eu sou vampira porque vermelho sangue não é minha cor preferida, eu prefiro azul, azul da cor do céu. De preferência azul noite.
Então tá, você já deve ter concluido que eu sou uma aquariana. mas pode largar a calculadora e deixa que eu te diga uma coisa: dizem que depois dos trinta a gente é regida pelo ascendente e sinto em dizer que já passei um pouco deles (dos 30). Eu pensei que eu era aquario com ascendente em libra mas depois me disseram que meu ascendente era escorpião. Antigamente eu lia sempre estas previsões e me importava em seguir um padrão onde eu pudesse ser encaixada nestas teorias pré-existencialistas mas hoje isso já não me move a qualquer lugar. Hoje costumo fazer o meu caminho e a criar ele de forma que eu acredite sim numa forma mistica de seguir a vida mas sem depender dela para viver. Como se eu não deixasse de acreditar no brilho das estrelas mas, que claro, buscasse meu brilho próprio, dentro de mim e o fizesse explodir em milhões de pequenos pedacinhos de mim.
Ahhh, não me venha chamar de complexa, todos nós somos complexos a partir do momento que somos seres ilimitados com vontade e desejos insaciáveis e inacreditavéis. O que você esperaria de uma pessoa que nasce no feriado em plena época de férias? Exatidão, compreensão e definição. Não, não...esta não sou eu. na verdade sempre me senti uma incógnita. Sempre me surpreendi comigo mesma nas piores e melhores situações mas sempre vivi de forma intensa. Fui intensa como criança, como adolescente e continuo sendo intensa como adulta. Não acredito que este seja o meu maior pecado na vida mas com certeza me fez cometer muitos dos quais eu nunca tive coragem de me arrepender exatamente porque tiveram uma importância descomunal e ajudaram me a criar a pessoa que sou hoje. Se sou uma pessoa melhor por causa deles eu não sei. Acredito que não. Com as coisa que passei na vida eu jamais poderia me julgar uma pessoa santa ou perfeita (graças a Deus), mesmo porque carregar o fardo da perfeição é muito pesado e de muita responsabilidade.
Eu sou o que sou e na verdade, nunca me importei em ser o que os outros esperavam de mim por isso era fácil que me taxassem de rebelde sem causa ou qualquer coisa parecida. Mas isso nunca me incomodou. O que me incomodava eram as injustiças que eu via e que nada podia fazer para mudar. Sempre me senti um grão de areia no deserto. Muitas vezes eu sabia que eu estava lutando sozinha mas nem isso me impedia de seguir em frente. Desta forma eu me permitior errar mais do que todas as pessoas e por isso eu acredito que aprendi mais do que muita gente. Se isso foi bom eu não sei, acho que foi mesmo com o saldo muitas vezes sendo negativo. mesmo com os machucado e as escoriações eu nunca deixei que guiassem minha vida com a maneira de ver e pensar de outras pessoas. Suas opiniões eram parametros e só se tornavam leis para mi se eu realmente achasse que aquilo poderia ser util para mim. A bagagem que a gente carrega na vida é muito pequena para a gente guardar aquilo que não nos serve e por isso é importante escolher o que levar. O mais importante não é quantidade do que levamos em nossa "mala existencial" mas sim o que levamos. É certo que no caminho muitas vezes precisaremos deixar algumas coisas, nos desfazer de algumas para que possamos colocar outras.
É muito melhor ser um copo pela metade do que ser um copo cheio. Os copos cheios são para aqueles que nada tem para acrescentar nem em sua vida e nem na vida dos outros e isso é muito triste.
Não, eu não sou a Sra. Perfeita...mas eu busco ser uma pessoa melhor e busco um mundo melhor. mesmo me sentindo um grão de areia mas eu faço parte de um universo deles e se não fosse importante eu não estaria lá, formando um deserto, ou uma praia (porque não?).
Ainda acredito poder conseguir realizar várias coisas na minha vida e sei que posso estar longe de alcançar muitas delas mas nada me impedirá de buscá-las. Tenho consciência absoluta que ninguém nem nada é responsável pelas nossas frustrações além de nós mesmos. Nós que fazemos as escolhas de nossas vidas, que escolhemos problemas e soluções. Tud está dentro de nós e vive lá até que resolvamos viver ou expurgar-las para fora de nós. Se nossos sonhos são pesadelos ou se não se realizaram é hora de parar de culpar o mundo e as pessoas em volta dele. Isso não adianta. É pura perda de tempo e de energia. Melhor se conformar em não acertar tudo, em que errar também é um caminho para acertarmos e que como seres humanos somos ainda que não se queira limitados na maneira de pensar e de agir.
A gente nasce e pronto. Este é o único milagre que temos, o único presente que ganhamos para começar. Viver é com a gente. O barco nos é colocado no mar mas remar é com a gente. E ainda que não se queira navegar no mar o barco é levado, porque na correnteza da vida, não importa se queremos ou não prosseguir. Isso não depende da gente mais. Soltar os remos, pegá-los, ficar a deriva já faz parte de nossas escolhas. Seguir em frente, fazer nossos caminhos ou se deixar levar pela maré são escolhas também. E isso sim depende somente de nós e de nossa vontade. Existe um destino e cabe a nós escolher a menira de chegar até ele. Existem coisas imutáveis que podemos viver aos 3 ou as 30 anos de idade e tudo isso também pode depender de como direcionamos o nosso barco e a nossa vida.
Viver é mais do que existir. E não existe verdade mais óbvia que esta. Mas o como existir, o como prosseguir a jornada, o que fazer com ela é somente com a gente. Experimentando é que sabemos o que é melhor. Observando podemos aprender o que é pior mas com certza ouvindo outras experiência podemos tirar lições que diminuam nossas desilusões ainda que nos façam evitar a maioria dos sofrimentos na vida. Acredito em missão, que não viemos ao mundo a passeio e que possamos traçar nossos passos.
Para isso é preciso antes de qualquer coisa, não apenas dinheiro, boa vida e pessoas a nossa volta. É preciso de coragem. Com coragem é que enfrentamos nossos maiores medos e receios. É a coragem que nos impede o não andar apesar dos perigos do mundo. E é ela que faz com que também acreditemos que podemos fazer todo dia, um dia, cada dia melhor. E essa é a missão comum a todos os seres humanos.
Não basta nascer, ainda que num feriado e nas férias. Não basta acreditar em horóscopos ou em um mundo melhor. É preciso mais do que isso. Aprender a cair é tão importante quanto aprender a se levantar. A gente nasce porque se dá na verdade uma segunda chance de acertar. A gente nasce porque tem vontade de melhorar. Mas realmente isso não significa, ainda que desejamos, que vamos conseguir. O jeito é continuar sempre e não desistir nunca.
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