terça-feira, abril 18, 2006

Reencontro!

Quem diria que depois de tanto tempo, tantos contratempos eu poderia me surpreender com vento batendo nas velas do meu barco e me levando rumo a fatos incriveis que, nem sei como, nunca havia imaginado em minha vida.

Buscamos explicação para tudo na vida, até mesmo para ela mas, não percebemos que ao buscar matamos outras coisas pelo caminho. Alguma coisas nunca tiveram, têm ou terão alguma explicação, não neste mundo e, talvez ainda, em nenhum um outro. É engraçado, esquisito e fantástico mesmo, tudo num mesmo produto. Tudo numa mesma embalagem. Muda o tempo, muda o mundo mas, tem coisas que nunca mudam.

Numa foto conseguimos facilmente reparar no todo...na paisagem...mas e os detalhes? A roupa mudou, a moda muda todo dia. O próprio dia muda, tem sol, tem chuva e, às vezes ,está somente nublado; como se em dúvida do que escolher entre um tempo e outro o dia escolhesse o meio termo.Mas, a verdade é que precisamos olhar mais profundamente as coisas que não mudam numa foto; como um olhar, um sorriso, uma feição. É preciso, definitvamente mudar conceitos, derrubar preconceitos e se abrir para o novo.

Se pudessémos se quer imaginar as coisas que me acontecem todos os dias com certeza eu não teria graça alguma para agradecermos. Ao contrário, teriamos a monotonia em nossas vidas instalada para sempre. O mundo dá muitas voltas. E como dá. A gente às vezes nem tá pensando, sonhando e de repente lá vem uma onda. Não interessa de que tamanho, normalmente a gente sempre fica impressionado com elas. Vão e vem sem avisar e sem nos, se quer, consultar. Normalmente a gente nunca esta preparado para elas também.

Engraçado também como elas acontecem quando precisam acontecer. Nem antes e nem depois. Quebram exatas e perfeitas no lugar onde deveriam chegar. É incrivel como elas levam também com a maior rapidez fatos, pessoas, recordações...E como trazem em segundos estas mesmas coisas se acharem relevantes trazer, até mesmo as mais profundas e as que se encontram perdidas em algum lugar do mundo ou de nossas mentes. Não adianta mesmo jogar nossas desilusões ao mar porque ele costuma devolver tudo que jogamos nele mesmo que demore o tempo que tiver que demorar. Se você joga ao mar sentimentos ruins, coisas desagradáveis é isso que ele vai te devolver em troca. E é incrivel como até nisso a natureza é perfeita.

Hoje eu sei que olho fotos de maneira diferente, leio os mesmos textos que escrevi há muito tempo com outros olhos, consigo estar de fora dos sentimentos que já vivi sem deixar de senti-los em sua beleza complexa ou na sua dor mais aguda;consigo contemplar o mar e enfrentá-lo mesmo com medo ou ansiedade por me aventurar nele.Tudo isso num misto de saudade e nostalgia. Tudo isso sem me perder de mim, sem deixar de ser quem sou e sem parar no meio do caminho para poder pensar melhor.

A vida é incrivel na sua maneira particular de ser e não nos pede explicação para tudo que fazemos ou como agimos porque sabe que nossas atitudes é que originam o resultado e mais nada além disso. E, que está em nossas mãos querer ou não viver. Mas ela tem seus manejos, tem suas armadilhas. Não se pode fugir daquilo que simplesmente somos de certa forma designados a viver. A escolha muitas vezes não é só nossa.

Quando encontramos alguém, de uma certa forma, fomos levados até aquele momento por acaso ou porque na verdade no fundo estavamos sendo guiados, procurando viver aquele momento. Quando a gente reencontra alguém já é diferente. É o destino que está entrelaçando os fios e nos fazendo surpresa mais uma vez. E aí sim, isso precisa de uma conspiração não só do mundo mas, de nossos próprios corações. Tantas vezes pensamos nestas pessoas e, alguma vez, é certo pensamos em querer reencontrá-las. De alguma forma a gente durante um tempo se esforçou para isso. Mas não era a hora, não era o lugar, não era o tempo certo para acontecer. Então quando a gente menos espera...acontece. E mais uma vez a gente fica extasiado com a vida! Chegamos a não acreditar porque já nos viamos sem esperança ou porque achavámos que não era pra ser. Mas quem somos nós? Quem pensamos que somos afinal?

Não há finalidade, não há explicação, ou há... E não nos cabe sabermos agora sobre isso. O que nos importa então neste momento? É que sigamos o nosso coração, que sejamos nós mesmos e, que, se a vida nos presenteou pela segunda vez com o encontro com o inesperado isso já não é mais obra do acaso. É simplesmente uma obra da própria vida.

Não há finalidade, não há explicação, ou há... E não nos cabe sabermos agora sobre isso. O que nos importa então neste momento? É que sigamos o nosso coração, que sejamos nós mesmos e, que, se a vida nos presenteou pela segunda vez com o encontro com o inesperado isso já não é mais obra do acaso. É simplesmente uma obra da própria vida.



Luciane M. Mansur 17/04/2006 20:35

quinta-feira, abril 13, 2006

Coldplay - The Scientist

Come up to meet you, tell you I'm sorry
You don't know how lovely you are
I have to find you, tell you I need you
And tell you I set you apart
Tell me your secrets, and ask me your questions
Oh let's go back to the start
Running in circles, chasing in tails
Heads on a silence apart 
 
Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard
Oh take me back to the start
 
I was just guessing at numbers and figures
Pulling the puzzles apart.
Questions of science, science and progress
Don't speak as loud as my heart.
Tell me you love me, and come back and haunt me, 
Oh, when I rush to the start
Running in circles, chasing in tails
coming back as we are.
 
Nobody said it was easy 
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy.
No one ever said it would be so hard
I'm going back to the start. 
 
 
 
Botão Antipânico

Durante muito tempo eu pensei que não poderia mais gostar de alguém. Durante muito tempo todas as coisas que me aconteceram até aquele momento só me diziam o tempo todo sobre estes sentimentos. Você se doa, você escolhe, você se abre e depois sofre. Como num ciclo era o que sempre acontecia. Percebi que vivia de relações solitárias ainda que pensasse que estava com alguém. Eu queria estar, queria compartilhar, queria amar...Eu, eu, eu. Eu e mais ninguém. Não percebia que embarcava sempre sozinha e na hora de remar eu quem conduzia com minha força, com a minha vontade, sem olhar pra trás, o barco. Quando percebia já era tarde, eu tava no meio do oceano, sozinha, com um remo apenas e sem qualquer possibilidade de volta ao porto sem algum sacrifício ou sofrimento.

Remar sozinha é muito ruim, perceber que se está “sozinha” em uma relação é pior ainda. Mas isso é o que mais acontece. Não só comigo, mas com muita gente por aí. Errados ou certos, não importa julgar agora. Não existe culpa em querer amar, não existe culpa em querer ser feliz, não existe culpa em querer encontrar “o alguém certo”. O problema de tudo isso é que normalmente trocamos os pés pelas mãos, julgamos coisas cedo demais sem nos conhecer e conhecer verdadeiramente o outro.

Por esta ânsia cada vez mais louca de não querer se permitir a solidão real e irrestrita a gente sai por aí atropelando coisas, pessoas e momentos que poderiam ser bons se a gente deixasse simplesmente que eles acontecessem naturalmente.

Mas não é o que acontece. Hoje o mundo tem pressa. Tudo precisa ter a rapidez de um e-mail, de uma mensagem instantânea, de um cometa no céu. No entanto, apesar de difícil decisão, precisamos parar de agir desta forma porque a única coisa que estas atitudes podem trazer é sofrimento, mágoa, ressentimento e culpa. Com o tempo e a repetição destes a gente acaba por criar uma cápsula protetora a prova de qualquer coisa ou sentimento, e dentro dela tem um botão vermelho enorme escrito: “Botão Antipânico” – Aperte em Emergências.

Mas que emergências são essas? Estas são exatamente os sentimentos que temos mais medo de enfrentar. Se alguém consegue penetrar em nossa cápsula protetora então só nos resta usar este botão como única opção de tentar fazer com que esta invasão não nos cause danos ou prejuízos maiores. Se por acaso enquanto estamos dentro desta cápsula aparece alguém tentando entrar a partir do momento que isso acontece e a gente não sabe ainda o que fazer este botão aciona-se. Se por acaso a gente começa a perceber que vai sofrer com alguma situação este botão dispara. Se por acaso a gente começa a perceber que está revivendo uma situação passada ruim novamente, este botão é acionado. É como se ele fosse a salvação, a nossa única proteção. Mas não é. É como se acionado pudesse, naquele momento, nos ajudar a pensar, a refletir, mas muitas vezes, é com isso que evitamos seguir em frente.

Não porque o botão seja ruim, não é. Mas é que o costume em utilizá-lo ou saber que existe, faz-nos perder o discernimento de saber a hora de parar de pensar nele como nosso porto seguro. Com o tempo a gente nem sente que esta pensando nele. É quase que automático. No fim não temos mais reação. Tudo fica mecânico. Com o tempo a gente simplesmente vai se acostumando e deixando que isso tome conta da gente. O que era pra ser um momento de puro conhecimento agora virou um tormento porque não podemos dar dois passos que botão sai logo emitindo seu sinal vermelho intermitente.

Eu vivi muito tempo apertando esse botão sem perceber, sem sentir, achando que tinha controle sobre mim. Fui vivendo sem me dar conta que me continha em tudo. Primeiramente porque era necessário. Porque dizia a mim mesma que jamais poderia entrar em outra relação sem primeiro viver e entender o que tinha acontecido. Era algo automático, alguma coisa que eu não podia simplesmente controlar. Não conseguia me envolver ou pensar em estar com ninguém. Sentia carência e até pena de mim às vezes. Eu até que tentava não me isolar, mas não conseguia. Naquele momento precisa me recolher, precisava me respeitar. Só que eu não sabia quando e como parar. E este que é o verdadeiro problema.

Chega uma hora que é preciso parar, sair desta cápsula e continuar nosso caminho.Ainda que desconhecido e inseguro seguir, precisamos tomar coragem e enfrentar o medo ou a nossa insegurança. Eu demorei a perceber isso. Eu fiquei praticamente oito meses dentro desta cápsula sem querer me envolver em outra situação, sem querer experimentar alguma sensação que me fizesse sair daquela inércia em que eu me encontrava. Quando resolvi sair e sem muito saber o que fazer, eu acabei tentando da pior maneira me convencer que estava errada. E errei de novo. Confundi sentimentos e percebi que não estava me sentindo preparada então logo retrocedi ao invés de avançar. A diferença estava no tipo de relação que eu queria e no medo de me envolver com a pessoa “errada” novamente. O botão pânico apitou forte e eu saí correndo de volta para minha cápsula.

Somente depois de um ano, ou seja, quatro meses a mais do que eu me imaginava comecei a me desfazer da cápsula que me envolvia e fui me deixando sair. Já o botão estava ali sempre a vista de mim me fazendo pensar. Neste momento eu vi que este botão não se acionava sozinho, mas acionava conforme meus sentimentos e pensamentos. Na verdade todas as vezes que ele acionou foi sob meu comando. Não precisava de minha mão em cima dele, não precisava se quer tocá-lo. Bastava pensar e o sentimento de medo ou de receio o fazia vibrar dentro de mim. Percebi então que este botão estava ali para me ajudar e não para me impedir de viver. A existência dele era somente pra me mostrar quando parar, quando seguir, mas não fazer dele uma fuga o tempo todo.

Usar este botão com coerência, sabedoria e discernimento é muito difícil. Como é acionado com nossos sentimentos não tem bula nem manual de instruções. Para cada individuo este botão funciona de forma diferente, tem aspecto diferente e uma razão de existir diferente. Chega um momento da vida da gente que a gente aprende a conviver com este botão dentro de nós. Quando digo conviver não é aceitar de qualquer forma, mas aceitar conscientemente e coerentemente que existe dentro da gente e que cabe a nós mesmos saber quando e como usá-lo da melhor maneira possível.

O botão antipânico não foi feito para nos impedir de sentir nada. Não foi feito para que evitemos viver e nem significa que não vamos mais sofrer por causa da existência dele. Cabe nos descobrir em nós mesmos, aprender com ele. Evitar que nos aconteçam certas coisas poderão somente trazer mais sofrimento. O botão antipânico foi criado não para deixarmos de viver, nem para sofrer. Quem descobre isso ou chega a esta conclusão descobre que depois disso já não basta somente existir no mundo, é preciso experimentar a vida, e querer de certa forma, poder tirar dela o que há de melhor.

Luciane M. Mansur - 13/04/2006 – 11:07
Desperdício

Vou cometer uma loucura
Vou me apaixonar
Vou te amar
Loucamente
Como a luz do sol quente
Vou te queimar

Vou iluminar teu caminho
Substituir a lua
Cantar no meio da rua
Bem alto pro mundo ouvir

Vou te sentir
Cada vez mais perto
E mais certo do que nunca
Vou te descobrir

Vou te colocar na minha vida
E roubar beijos de madrugada
Olhar pra você sem fazer nada
E apenas vou sorrir

Vou te abraçar nos meus braços
Fazer um laço
Que não poderá nos separar
Vou olhar dentro dos teus olhos
Azuis...vou te enfeitiçar

Vou ter você por inteiro
Não quero ser só tua metade
Quero te pelo avesso
Vou te trazer felicidade

Vou te fazer serenata
E encantar tuas manhas frias
Vou te contar historias
E te trazer alegrias

Na minha boca és só saudade
No meu corpo és precipício
Eu pensei estar no inicio
Mas pareço já no fim
Pra que tanto desperdício
Desse amor preso em mim
Quero só que responda
Diga: não ou... sim

Não quero só um talvez
Quero tudo de uma vez
Cansei já de sofrer
Mas antes agora
Do que tarde
Sem demora
Sem alarde

Simples e três letras somente
E uma grande decisão
Tens chance porem não manche
Meu dolorido coração

Não tenho mais o que falar
“Eu só quero que você me queira”
Tua resposta estou a esperar
Eu estou aqui por inteira
Mas meu tempo...
Este, não vou mais desperdiçar!
Luciane M. Mansur
Estiagem


Terra seca, a poeira me cega
A chuva não vem mais
Quem olhará por nós?
Viemos do pó, para onde vamos?

Os meus olhos ainda ardem
Que vontade de morrer
Sem água para molhar o teu olhar
Céu aberto, o sol , é certo
Vai aparecer...

Dia quente, noite vazia
Minhas mãos suam
E te procuram,
Nesta imensa pequena cidade
O que fazer agora?
Aumento a velocidade
Mas nada adianta...


A umidade absoluta é relativa
Meu amor que era vidro,
Hoje é pedra bruta
O que eu faço?
Se não te acho
Nem mais nos meus sonhos

Estou com sede, estou sem ar
Esta saudade é minha seca
Eu quero tua chuva
Pra me molhar
Eu quero teu corpo
Pra me enxugar
Eu quero teu beijo
Pra me acordar

Longe de você
Não sinto mais nada
Só a vontade de te encontrar
Me anima
É o tempo de Brasília
Essa ilha
Em que vivo
E se eu ainda respiro?

É pura miragem
Mas estou sozinha
Nesta estiagem
Querer ver tua imagem
Nem que só de passagem
Completando a minha.


Luciane M. Mansur
Pouso

Nao importa quem tu sejas
aonde estejas
se levar me no coraçao

Nao me importa tua cor
ou teu passado
quero estar a seu lado
seja onde vc for

Nao importa mais teu nome
nem o teu sobrenome
Eu ja te conheço bem

Não me importo com detalhes
Me importo é que me talhes
dentro do teu coracao

e minha alma que viaja
Leguas na solidao
finalmente encontra pouso
Seguro e asseguro
Que serei e te farei
Feliz entao..

Luciane M. Mansur
Nem sempre o mais importante na vida
é o "que" mas sim o "como",
não é o "qual" mas sim o "quem"...
não é o "depois" e sim o "agora"..
não é o "ontem", nem o "amanhã",
o importante é simplesmente
poder HOJE estar com VOCE...
#
Luciane M. Mansur
Foi inteiro..
Foi intenso...
tenso...
terno...
etério...
fostes,
enfim...
para mim...
um divino mistério...
#
Luciane M. Mansur
Tudo o que eu queria
Era poder um dia ver o dia
Acabando do seu lado
E olhando um para o outro,
Encostando no teu rosto
Provar finalmente esse gosto

No meu Porto Alegre amado!

Luciane M. Mansur
Adam* foi um sopro de vida e alegria quando surgiu na minha existência. Um cara simples, e de uma simplicidade de dar inveja a qualquer ser humano. Doce, meigo, mas muito determinado no que desejava e, mais ainda, naquilo que não queria pra si.
Surgiu num dia de sol de dezembro na minha frente. Cabelos loiros que refletiam luz como os raios de sol, olhos castanhos e misteriosos, e ao mesmo tempo curiosos e extremamente atentos. Sua pele branca e suas bochechas rosadas inspiravam qualquer ser humano a amá-lo e a querê-lo por perto sempre, ainda mesmo que não pudesse possuí-lo completamente, pois era como um cavalo selvagem que só se deixava domar quando queria.
Seu sorriso emanava algo bom, como se o dia ensolarado fosse embora junto com ele. Pacifico, mas justo. Honesto, mas generoso. Não saberia descrever a figura de um anjo, mas poderia compará-lo com a visão que tive quando o conheci.
Como disse já era dezembro e eu acabava de chegar de São Paulo. Ainda guardava lembranças boas e ruins da viagem, a maioria, porém foi resguardada com muito carinho. Desde o inicio Adam foi muito educado, gentil e amável. Não saberia pisar numa folha sem pedir licença e, às vezes, era o próprio vulcão em erupção, era difícil saber seu próximo movimento, sua próxima reação.
Ao olhar para aqueles olhos e aquele sorriso estampado todo pra mim, nem que por segundos, eu não percebi o quanto ele seria especial e essencial na minha vida, não saberia dizer que pouco tempo depois estaria vivendo com eles sentimentos que nunca havia imaginado. Na verdade mais absurda o sentimento estava ali, estava nascendo e amadurecendo, mas com certeza não era a hora certa. Teria que esperar porque a vida vem sem bula.Vem se fórmulas e sem explicação. A gente não sabe porque, mas ela acontece de um jeito torto conseguindo nos provar ao final que esta certa e perfeita, porque afinal toda coisa tem sua hora e lugar pra acontecer. A natureza é sábia e assim como a vida, nos ensina que nem sempre o tempo dela é o nosso. Alias na maioria estes tempos nunca coincidem.
Eu não sabia ainda o sentia nem o que sentiria, mas eu sabia que a companhia do Adam me fazia bem, desde a primeira vez que meus olhos pousaram nos dele. Adam não era nenhum modelo de beleza e, ainda assim conseguia ser mais belo que o mais belo dos mortais da Terra, ele fugia a qualquer padrão, o que fazia dele mais especial ainda. Nunca mais encontrei em nenhum olhar estes sentimentos como encontrei ao conhecê-lo. Apesar disso tudo e, de poder ver as coisas de outra maneira hoje, aquele momento, não era, na verdade, nosso.
Naquele mesmo dia, por obra do destino eu comecei a namorar o melhor amigo dele. Ismael** era um cara legal e extremamente carinhoso e educado, também tinha sua beleza e se encaixava dentro de um padrão, ao contrario do Adam, que tinha uma beleza especial e única.
Ismael foi paixão a primeira vista. Aconteceu o encontro de olhares, saíram as faíscas e logo depois a atração física entre nós dois. Talvez essa oportunidade tenha surgido porque, por obra do destino, Adam não estava ali e, talvez, se estivesse fosse diferente, mas não era pra ser assim, e não foi. Meses depois a relação que era doce e meiga com Ismael, foi se desgastando e se tornando insegura e perigosa pra mim.
Comecei sentir que desmoronava alguma coisa e não sabia como segurar. Como a paixão é cega fiz coisas que hoje não faria, mas que mesmo assim não me arrependo de ter feito porque sei que são nos erros que aprendemos e, onde podemos acumular nossa experiência para nossa própria sobrevivência no futuro, quando as provas serão piores e maiores e, possivelmente, ninguém estará mais no barco com você.
O fato é que este sentimento acabou virando obsessão e, logicamente tinha que virar sofrimento. E foi o que aconteceu. Mesmo com toda paixão, o relacionamento com Ismael, chegou ao fim de uma forma abrupta e violenta.Parecia uma traição ao tudo que eu senti e sentia.

Fiquei tão sem chão que cai numa depressão sem fim. No meu quarto, porta trancada e no escuro, televisão ligada eu só queria chorar e tirar todo aquele sentimento de perda e solidão que havia se instalado dentro de mim.
Não sabia se agüentaria, não sabia se sairia daquele quarto, não sabia qual seria meu próprio passo, estava sempre a espera de que o pior viesse ao meu encontro. Eu dormia chorando, quando dormia e, deixava a tv ligada pra que não ouvissem meu choro, abafado e contido, onde ao mesmo tempo buscava um alivio que não vinha de lugar nenhum.
Assim se passaram três dias. Eu só saia do quarto de madrugada e mesmo assim só conseguia tomar água. Não conseguia comer nada porque me sentia mal. Havia um gosto de fel na minha boca que nunca, ate hoje, senti daquela forma. Era o gosto amargo da solidão, da falta de chão.
Sentia me perdida e sem nenhum caminho a frente pra pisar. Era como se não enxergasse mais a luz no final do túnel. Porque afinal eu não via nem mesmo o túnel. Estava caminhando como se estivesse com uma venda dos olhos e as mãos amarradas, só me restava andar, mas eu não conseguia e então não me movia. Não sabia o que pensar porque na verdade não queria pensar, não queria a lógica muito menos a racionalidade. Eu queria sofrer tudo, até o fim, mesmo sem saber como e quando seria.
Lembro que sentia muita pena de mim mesmo. Era como estivesse frustrada e vencida. Como se todo meu amor próprio tivesse sido jogado fora e, minha auto-estima tinha simplesmente desaparecido.
Eu tinha que buscar uma força dentro de mim que pudesse me buscar deste lugar frio, sombrio e deserto onde ninguém podia entrar, só eu podia achar o caminho e a solução.
Acontece que, como por milagre, no terceiro dia, eu ouvi um estrondo e acordei com um susto. Fiquei tão atordoada com o barulho e uma gritaria que sem perceber eu abri a porta e me dirigi à varanda em outro cômodo da casa. Naquele instante, eu tinha conseguido, não sei como, achar um caminho.
Não sei até hoje como nem o que me fez abrir aquela porta e sair daquele quarto, mas eu tinha vencido qualquer força contra mim e estava ali em pé olhando o horizonte, tomando o conhecimento do que acabara de acontecer: um acidente terrível no prédio a minha frente. Um acidente que havia provocado a morte de muitos operários, mas que paradoxalmente pra mim tinha me trazido de volta à vida e, para o fim daquele pesadelo.
Naquele mesmo dia eu providencie minha mudança de quarto. Ficaria no quarto com varanda, luz e ar. Era a hora da reação àqueles sentimentos que ficaram por três dias nas paredes daquele outro quarto.
E esta, foi sem duvida, a melhor coisa que eu pude fazer. Eu mal sabia, mas o amor, estava prestes a ser descoberto a alguns metros da li, quase abaixo de mim, no apartamento de baixo do meu, no quarto de um ser divinamente chamado Adam. Era o inicio de tudo.
Na noite daquele mesmo dia em que eu consegui ver novamente a luz do sol meus olhos encontraram com o brilho do olhar novamente de Adam.
Era incrível que mesmo sem falar uma palavra se quer ele percebia que eu não estava bem, que estava meio estranha. Porém, num gesto de respeito maior que a própria curiosidade foi capaz de se calar no momento em que eu me calei, mas estava me ouvindo no momento em que eu quis falar com ele.
Era mágico. Sentia me leve perto dele. Como se eu já conhecesse aquele ser, como se ele fizesse parte de mim, uma extensão doce de minha alma. Um anjo que me tranqüilizava e me fazia esquecer de tudo por segundos ainda que sofresse um pouco, o que era normal naquele momento.
Apesar de tudo ele estava ali, ao se calar, ao me olhar, ao me ouvir sem me condenar, ao me abraçar e, sem nada falar eu sentir que ele estava me dando tudo que poderia querer e precisar naquele momento: carinho, amizade e um apoio enorme.
Eu nem me lembrava mais de qualquer vestígio de depressão ou daquela tristeza. Perto do Adam o mundo parecia diferente, parecia possível. Eu me sentia sempre bem.
Alguns dias depois eu acabei me animando para sair com ele e a turma com quem eles normalmente saiam. Adam não era um cara de altas farras, mas como todo jovem gostava de vez em quando de sair, de dançar e de conhecer pessoas e lugares, coisas normais da idade.
Fomos a um bar localizado numa parte nobre da cidade. Como um verdadeiro cavaleiro ele não me deixou sozinha um minuto se quer. Agora, com mais calma e mais tranqüila contei pra ele a história e a razão de minha tristeza. Em nenhum momento ele me condenou, muito pelo contrario. Adam possuía uma maturidade e uma racionalidade de dar inveja a qualquer um. E nos momentos em que mais precisava ter.
Eu deixava que ele falasse sem interrompê-lo e olhando nos seus olhos eu percebia aquele ar de serenidade e paz que eu jamais tinha visto em outro lugar. Somente isso naquele momento já me fazia sentir melhor.
Um destes momentos culminou em um abraço demorado onde eu não me contive e, debulhei algumas lagrimas tímidas. Eram lagrimas ainda daquele sentimento que me habitava, mas que eu já sentia que não me pertencia mais. Eu já as libertava para sempre.
Quando nos desenlaçamos eu percebi que a camiseta dele estava molhada de minhas lagrimas e, querendo disfarçar com a cabeça baixa, para ele não ver as lagrimas, ria e falava que eu tinha “babado” a camisa dele e, que teria que lavar.
Ele que não era bobo percebeu e puxou meu rosto pra cima, passou a mão nos meus olhos e me disse que aquilo ia passar, que tudo ia passar e, que eu não devia mais sofrer porque podia contar com ele.
Nossos olhares ficaram parados então se olhando como se o mundo inteiro tivesse desaparecido e, como se o chão, não existisse. Neste momento, assim sem a gente sentir, nossos lábios se tocaram pela primeira vez e meu coração tremeu.
Como uma reação imediata, senti que havia um sentimento de constrangimento no ar. Nos olhamos, ele se afastou passou a mão no cabelo e olhou pra mim dizendo que aquilo não podia acontecer porque não era certo. Não podia acontecer porque o Ismael era seu amigo e porque sentia que as coisas não estavam bem resolvidas dentro de mim.
Eu estava mais tranqüila que ele por incrível que parecesse, mas pra evitar que pudéssemos estragar tudo decidimos que em quanto eu não estivesse preparada a gente não iria repetir isso novamente. A não ser que a situação fosse outra.

Também não achava justo usar o Adam por carência ou por vingança. Ele era muito especial para mim para mim para que fosse usado desta forma. Não era justo com ele e nem comigo. Não podia embarcar em outro barco sem saber o que queria. Na naquele momento pelo menos. Não naquela noite. Não naquele instante. E ainda naquela situação fizemos um pacto. O segredo daquela noite seria guardado com a gente até que achássemos conveniente para nós.
O sentimento, entretanto estava vindo à tona, faltava muito pouco pra transparecer para todos. Todo cuidado era pouco para os olhos curiosos. A principio, para todos os efeitos, o Adam estava me dando apoio pelo término do namoro com o Ismael e era só.
Sorte nossa que todos os olhos aquela noite não presenciaram a cena do beijo. Isso simplesmente poderia ter acabado com todo o restante que estava ainda por vir.
Mas, mais uma vez a vida estava sendo sábia. E da maneira dela armou com perfeição até a luz da lua que nos iluminava, como se fossemos personagens de uma peça de teatro. Naquela noite por segundos eu voei e fui até as estrelas, me senti beijando Romeu. Eu era a Julieta. Era o sentimento mais romântico que eu pode chegar ao meu coração naquela hora. E foi tudo tão natural. Tão simples. Tão bom.
Eu não percebi, mas ali já estava começando a me apaixonar pelo Adam. Era uma porta que havia se aberto de uma forma leve e tranqüila que nem foi notada. E devagar o sentimento foi entrando novamente. Mais cedo do que imaginei eu estaria de pé. Estaria me sentindo com vida dentro de mim. O sopro de Adam me encontrava pela segunda vez. E este sopro me fez ressuscitar tudo dentro de mim. Inclusive à vontade de amar e de viver.
Ao deitar na minha cama eu já me sentia muito melhor. Mais leve, mais forte e mais feliz. Sabia que um anjo protegia meus sonhos e que cuidava de mim e, mais, que este anjo não estava no céu nem numa imagem ou quadro. Ele estava ali, dormindo a poucos metros de minha cama, um anjo vivo, de carne, osso e um enorme coração. O meu anjo Adam.

*Adam é um nome fictício para preservar a imagem desta pessoa que compartilhou de um momento especial em minha vida e hoje faz parte de minhas recordações.** Ismael é um nome fictício também.
Amigos são especiais e pronto.
Não precisa explicação maior.
Quem os conhece, quem convive com esta preciosidade sabe identificá-la tão bem, ou melhor, que um diamante raro.
O amigo verdadeiro tem valor inestimável, não se vende, não se troca...
É um "bem" eterno.
Não nos pertence e ao mesmo a gente sabe que é nosso.
Sempre presente, ainda que distante, importante e essencial tem o poder de transformar nossas vidas e nossos momentos e de, também fazer enxergar de uma nova maneira os acontecimentos e as situações.
Estes amigos, tão raros e tão especiais, são difíceis de encontrar.
Porque não usam rótulos e nem saem por ai com bandeiras atrás de votos...
Às vezes, nem eles sabem que o são.
Por isso, é importante valorizá-los sempre; todos os dias, horas, minutos e segundos de nossas vidas.
Pra gente saber o quanto é bom estar perto de alguém assim.
Imagine-se longe por apenas um minuto...já dá uma saudade, não é mesmo?
Luciane M. Mansur
James Blunt - You're Beautiful

My life is brilliant
My love is pure
I saw an angel
Of that I'm sure
She smiled at me on the subway
She was with another man
But I won't lose no sleep on that
'Cause I've got a plan

You're beautifulYou're beautiful
You're beautiful, it's true

I saw your face
In a crowded place,
And I don't know what to do
'Cause I never be with you
Yes, she caught my eyes
As we walked on by
She could see from my face that I was
Fucking high
And I don't think that I'll see her again
But we shared a moment that will last to the end

You're beautifulYou're beautiful
You're beautiful, it's true

I saw your face
In a crowded place,
And I don't know what to do
'Cause I never be with you

La la la la, la la la la, la la la la, la

You're beautiful ! You're beautiful !
You're beautiful it's true

There must be an angel
With a smile on her face
When she thought up that I should be with you
But it's time to face the truth
I will never be with you !

quarta-feira, abril 12, 2006

Enquanto você não chega eu continuo a te esperar, se a distância não é problema e, eu já posso então te amar?

Enquanto você está distante, eu faço planos pra te encontrar, ainda que não seja hoje, sei que este dia, irá chegar...

Enquanto você pensa que ainda está sozinho, não se espante, se logo adiante; esbarrar no meu caminho...

Enquanto você vai vivendo espalhando o seu carinho, eu vou guardando o bastante pra te encontrar rapidinho...

E ainda que não adiante, eu te dizer o que eu sinto, e a já desejar estar por perto, eu sei que hoje eu não minto, porque tu, ainda que não aches, para mim, és o que é certo.

Luciane M. Mansur

sábado, abril 01, 2006

Porto Alegre

Saudades ainda sinto de tuas ruas,
nuas ou cobertas pela fina camada de orvalho...
o teu olhar ninguem esquece,
teu por do sol já se merece
enquanto teu céu ainda for só teu...
o meu amor, por ti, jamais perece...
o teu inverno só me anoitece
quando teu véu descobre-se em mim
...porto, distante do meu cais..alegre ,
que me inunda e faz me
não te esquecer jamais...
Luciane M. Mansur 08/09/2005 07:56 am
Pequenas Coisas...


Um fósforo, uma bala de menta, uma xícara de café e um jornal: Estes quatro elementos fazem parte de uma das melhores histórias sobre atendimento que conhecemos.

Um homem estava dirigindo há horas e, cansado da estrada, resolveuprocurar um hotel ou uma pousada para descansar. Em poucos minutos,avistou um letreiro luminoso com o nome: Hotel Venetia.

Quando chegou à recepção, o hall do hotel estava iluminado com luz suave. Atrás do balcão, uma moça de rosto alegre o saudou amavelmente:"- Bem-vindo ao Venetia!".Três minutos após essa saudação, o hóspede já se encontrava confortavelmente instalado no seu quarto e impressionado com os procedimentos: tudo muito rápido e prático.


No quarto, uma discreta opulência; uma cama, impecavelmente limpa, umalareira, um fósforo apropriado em posição perfeitamente alinhada sobre a lareira, para ser riscado. Era demais! Aquele homem que queria um quarto apenas para passar a noite, começou a pensar que estava comsorte.Mudou de roupa para o jantar (a moça da recepção fizera o pedido no momento do registro). A refeição foi tão deliciosa, como tudo o que tinha experimentado, naquele local, até então. Assinou a conta eretornou para o quarto.

Fazia frio e ele estava ansioso pelo fogo da lareira. Qual não foi a sua surpresa! Alguém havia se antecipado a ele, pois havia um lindo fogo crepitante na lareira. A cama estava preparada, ostravesseiros arrumados e uma bala de menta sobre cada um. Que noiteagradável aquela!Na manhã seguinte, o hóspede acordou com um estranho borbulhar, vindo do banheiro. Saiu da cama para investigar. Simplesmente uma cafeteiraligada por um timer automático, estava preparando o seu café e, junto um cartão que dizia: "Sua marca predileta de café. Bom apetite!" Era mesmo! Como eles podiam saber desse detalhe?De repente, lembrou-se: no jantar perguntaram qual a sua marca preferida de café.

Em seguida, ele ouve um leve toque na porta. Ao abrir, havia um jornal."Mas, como pode?! É o meu jornal! Como eles adivinharam?"Mais uma vez, lembrou-se de quando se registrou: a recepcionista havia perguntado qual jornal ele preferia.O cliente deixou o hotel encantando. Feliz pela sorte de ter ficado num lugar tão acolhedor.

Mas, o que esse hotel fizera mesmo de especial?Apenas ofereceram um fósforo, uma bala de menta, uma xícara de café e um jornal.Nunca se falou tanto na relação empresa-cliente como nos dias de hoje.

Milhões são gastos em planos mirabolantes de marketing e, no entanto,o cliente está cada vez mais insatisfeito, mais desconfiado. Mudamos o layout das lojas, pintamos as prateleiras, trocamos as embalagens, mas esquecemos-nos das pessoas.

O valor das pequenas coisas conta, e muito. A valorização do relacionamento com o cliente. Fazer com que ele perceba que é um parceiro importante!Isto vale também para nossas relações pessoais (namoro, amizade, família, casamento) enfim pensar no outro como ser humano é sempre umasatisfação para quem doa e para quem recebe.

Seremos muito mais felizes, pois a verdadeira felicidade está nos gestos mais simples denosso dia-a-dia e na maioria das vezes passamos desapercebidos.


Ah...chegou o Verão

A praia...

Chegou verão! Não ria se for capaz...............

Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose. Verão é picolé de Kisuco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca. Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis.

Mas o principal ponto do verão é....a praia! Ah, como é bela a praia. Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção.

Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias. Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.

O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando. Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, creditando que estão de férias.

Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia. E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem.

As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo. Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar o poço pra fincar o cabo do guarda-sol. É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.


Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias. Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas.
O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando.

Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, creditando que estão de férias. Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia.

E as crianças? Ah, que gracinhas! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem. As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado e caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo. Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar o poço pra fincar o cabo do guarda-sol. É mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer o guarda-sol ficar em pé.

Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar! Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva.

Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa. A gente abre a esteira velha, com o cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os oculos escuros e puxa um ronco bacaninha. Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor!!!!!

Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora, todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo. O Shampoo acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde creme de barbear até desinfetante de privada.

As toalhas, com aquele cheirinho de mofo que só a casa da praia oferece. Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas.

O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar o mesmo inferno tropical...


Qualquer semelhança com a vida real, é uma mera coincidência.


Luís Fernando Veríssimo