quarta-feira, dezembro 06, 2006

"Acordo, já não é mais tão cedo. Olho o relógio do celular, ninguém ligou. Quase hora do almoço. A cabeça dói. Maldição no fim de semana inteiro. Sem perspectivas de melhoras. Ando meio zonza até o banheiro. Jogo uma água no rosto e penso: “que cara é essa??” Dirijo-me até o quarto e visto rapidamente a primeira coisa que vejo estendida. Mais um dia...um dia sem novidades. Tento ser otimista. A campainha toca e atendo. É o carteiro. Atendo-o e fecho a porta. Sento no sofá e penso...penso..olho o telefone de novo. Nada...nem um sinal de vida. Penso se errei, no que fiz, se exagerei na dose ou se devia ter feito alguma coisa que eu tenha esquecido de fazer. Verdade. Sinto um vazio. Um vazio que habita e me preenche com nada mais que a vontade de poder não sentir o que hoje eu sinto...Como controlar isso depois de tanto tempo sem ao menos sentir me assim? Acho que é falta de costume mesmo...Não, não posso permitir isso assim...entrando como uma ventania em minha alma, sem pedir licença e me fazendo flutuar. Preciso sentir o chão...tocá-lo...voar é com os pássaros...nunca tive asas, não sei andar assim...eu acabo me perdendo, indo alto demais e quando vejo estou em queda livre. Não...é risco demais para correr...Não sei se posso..não sei se devo, não sei o que faço, como agir...Preciso não pensar tanto nisso. Preciso relaxar. Deito me, tento dormir olhando com ansiedade um telefone que sei que não irá tocar. Deixo-o silencioso...assim sei que posso ao acordar ter uma surpresa. Quem saberá? Mas a verdade é que a espera é pior quando se "espera". Simples e óbvio assim....Fecho os olhos, a cabeça ainda dói um pouco. Esforço-me para relaxar e dormir e, de repente consigo. Ao acordar a mesma dor ainda insiste...a saudade também resiste em mim. O telefone continua calado. Sem emitir qualquer sinal de vida. Levanto. Vou até o computador, leio e respondo mensagens. Tudo bem...a cabeça ainda dói um pouco. Nada que um analgésico não resolva. Já a saudade...não se sabe nunca quando chega e quando irá embora. É uma coisa complicada. Insisto em não pensar e ainda assim percebo que penso. Encaminho uma mensagem de contato e espero a resposta. Não vem...tudo bem...resolvo que isso não me deixará desanimar. As coisas acontecem quando devem acontecer. Deve ser melhor assim mesmo. A dor de cabeça está passando, graças a Deus...Não vejo a hora que ela me abandone...a dor...a saudade também... mas esta, eu sei, que será um pouco mais prolongada."

Lutche Mansur - 04/12/2006

Um comentário:

  1. Olá. Texto muito envolvente e bem elaborado. Gostei também dos poemas. Parabéns.

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